Por Aírles Almeida dos Santos
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Os anos de 1970 foram
importantes, pois marcam o início da produção dos primeiros textos de
Historiografia Sergipana. Nesse trabalho situaremos a periodização dessa
historiografia segundo José Calazans Brandão da Silva, um pesquisador que
ocupará um espaço especial no que diz respeito ao tema e que permanecerá até
hoje como modelo aos trabalhos posteriores.
Em sua obra “Introdução aos Estudos
da Historiografia Sergipana”, texto encomendado para a apresentação do “V
Simpósio de História do Nordeste” (1973), traz um panorama da produção historiográfica
Sergipana até sua época (década de 70 do século XX). Agora, Calazans fala a
partir do lugar institucional IHGBA, ou seja, “esse novo lugar institucional
faz com que ele ‘fale’ a partir da comunidade de historiadores baianos” (SOUSA,
2013, p.85) e não foi à toa que foi escolhido para tal empreendimento. Além de
sergipano, Silva foi um verdadeiro conhecedor do passado sergipano e buscava
uma escrita da história de cunho mais profissional, científica, buscando-se as
provas do passado e utilizando documentos.
José Calazans Brandão da Silva
(http://www.ihgse.org.br/historico.asp)
Fases
Em linhas gerais, José
Calazans estabelece a historiografia sergipana até seu tempo compreendida em
quatro fases:
1a
Fase: Livros de Memórias
|
-
Nessa fase situam-se os textos relativos à memória sobre Sergipe e os livros
gerais de História do Brasil que fazem referência a ele.
- Autores:
Carlos César Burlamaqui, Marcos Antônio de Souza (Memória sobre a
Capitania de Sergipe, 1877), Antônio da Silva Travassos (Apontamentos
históricos e topográficos sobre a província de Sergipe, 1860).
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2a
Fase: Produção dos Bacharéis de
Direito (a partir de 1891)
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- Textos
escritos por sergipanos bacharéis de Direito da Escola do Recife. Aqui
aparecem trabalhos diversos sobre aspectos da vida sergipana na política, na
literatura, nas artes e na
cultura
popular. Segundo Silva, os bacharéis aparecem como os continuadores da
historiografia sergipana, iniciada por Felisbelo Freire.
- Autores:
Felisbelo Freire (História de Sergipe,
1891), Manuel dos Passos, Prado Sampaio, Nobre de Lacerda, Laudelino
Freire e Baltazar Góes.
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3a
Fase: IHGSE- Instituto Histórico
e Geográfico de Sergipe (criado em 1912)
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- Fase de
produtividade, porque esse Instituto participava ativamente da vida cultural
da comunidade sergipana e realizava regularmente sessões comemorativas de
datas históricas como nomes considerados ilustres. Agregou-se nessa
instituição uma nova geração e congregou os antigos estudiosos da História
Sergipana. Um dos temas que mais se pautou foi sobre a questão de limites entre
Sergipe e a Bahia. Também se destacaram trabalhos de monografias municipais,
ensaios de geografia histórica, a mudança da capital, os estudos
bibliográficos.
Esse surto de
produção começa a declinar a partir de 1930, onde a Revista deixa de
circular. No entanto, entre os anos 50-60 ocorre a retomada dessa produção,
onde o IHGSE passou a atrair outros valores sergipanos e vivenciou uma nova
fase de franca expansão.
- Autores: 1o
momento: Carvalho Lima Júnior, Armindo Guaraná, Elias Montalvão, Costa Filho,
João de Mattos, Manuel dos Passos, Prado Sampaio, Nobre de Lacerda, Clodomir
Silva, Enock Santiago;
2o momento:
João Dantas Martins dos Reis, Felte Bezerra, José Calasans, Sebrão Sobrinho,
José Amado do Nascimento, José Augusto da Rocha Lima.
3o momento:
Fernando Porto, Orlando Dantas, Zózimo Lima, Pires Whyne, Freire Ribeiro,
Maria Thétis Nunes, Bonifácio Fortes, Manuel Cabral Machado, Aurélio
Vasconcelos e Almeida, Carvalho Deda, Arivaldo Fontes, Garcia Moreno, Luiz
Carlos Rolemberg Dantas, Juliano Simões, Severino Uchôa, Joaquim José de
Montalvão.
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4a
Fase: UFS- Universidade Federal
de Sergipe (1968)
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- Fase cuja
preocupação era a profissionalização da história. A História defendida na UFS
enxerga o passado sergipano como ciência social e esses historiadores
enveredaram por uma História nas trilhas da ciência, buscando estudar temas
mais ligados à História social, à História política e à História econômica.
Paulatinamente passaram a ocupar os jornais sergipanos e a promover eventos
científicos alicerçados, cada vez mais, nessa ideia de História como ciência
e de que a pesquisa histórica é fundamental para o historiador.
-
Autores: José Silvério Leite Fontes, Maria Thétis Nunes, Maria da Glória
Santana de Almeida, Beatriz Góes Dantas, Diana do Faro Diniz, Terezinha
Oliva.
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Considerações
Finais
Percebemos
assim que os anos de 1970 foram importantes, pois marcam o início da produção
dos primeiros textos de Historiografia Sergipana e que José Calazans Brandão da
Silva foi um pesquisador que ocupou um espaço especial no que diz respeito ao
tema, estabelecendo quatro fases da historiografia sergipana: a primeira
relacionada aos livros de memória, a segunda ligada diretamente a Felisbelo Freire
e aos bacharéis de Direito da Escola do Recife, a terceira ligada ao IHGSE e a
última ligada a UFS.
Referências
SOUSA. Antônio Lindvaldo. História e Historiografia Sergipana: notas para reflexão. São Cristóvão:
CESAD, 2013.
BARRETO, Luíz Antônio. JOSÉ CALASANS, UM MESTRE DA HISTÓRIA,
disponível em http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=27405&titulo=Luis_Antonio_Barreto, acesso 28/08/14.