terça-feira, 2 de junho de 2015

As fases da Historiografia Sergipana segundo José Calazans Brandão da Silva, um mestre da História


 Por Aírles Almeida dos Santos
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            Os anos de 1970 foram importantes, pois marcam o início da produção dos primeiros textos de Historiografia Sergipana. Nesse trabalho situaremos a periodização dessa historiografia segundo José Calazans Brandão da Silva, um pesquisador que ocupará um espaço especial no que diz respeito ao tema e que permanecerá até hoje como modelo aos trabalhos posteriores.
            Em sua obra “Introdução aos Estudos da Historiografia Sergipana”, texto encomendado para a apresentação do “V Simpósio de História do Nordeste” (1973), traz um panorama da produção historiográfica Sergipana até sua época (década de 70 do século XX). Agora, Calazans fala a partir do lugar institucional IHGBA, ou seja, “esse novo lugar institucional faz com que ele ‘fale’ a partir da comunidade de historiadores baianos” (SOUSA, 2013, p.85) e não foi à toa que foi escolhido para tal empreendimento. Além de sergipano, Silva foi um verdadeiro conhecedor do passado sergipano e buscava uma escrita da história de cunho mais profissional, científica, buscando-se as provas do passado e utilizando documentos.

José Calazans Brandão da Silva
(http://www.ihgse.org.br/historico.asp)

Fases

         Em linhas gerais, José Calazans estabelece a historiografia sergipana até seu tempo compreendida em quatro fases:






1a  Fase: Livros de Memórias
- Nessa fase situam-se os textos relativos à memória sobre Sergipe e os livros gerais de História do Brasil que fazem referência a ele.

- Autores: Carlos César Burlamaqui, Marcos Antônio de Souza (Memória sobre a Capitania de Sergipe, 1877), Antônio da Silva Travassos (Apontamentos históricos e topográficos sobre a província de Sergipe, 1860).








2a  Fase: Produção dos Bacharéis de Direito (a partir de 1891)

- Textos escritos por sergipanos bacharéis de Direito da Escola do Recife. Aqui aparecem trabalhos diversos sobre aspectos da vida sergipana na política, na literatura, nas artes e na
cultura popular. Segundo Silva, os bacharéis aparecem como os continuadores da historiografia sergipana, iniciada por Felisbelo Freire.

- Autores: Felisbelo Freire (História de Sergipe, 1891), Manuel dos Passos, Prado Sampaio, Nobre de Lacerda, Laudelino Freire e Baltazar Góes.












3a  Fase: IHGSE- Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (criado em 1912)

- Fase de produtividade, porque esse Instituto participava ativamente da vida cultural da comunidade sergipana e realizava regularmente sessões comemorativas de datas históricas como nomes considerados ilustres. Agregou-se nessa instituição uma nova geração e congregou os antigos estudiosos da História Sergipana. Um dos temas que mais se pautou foi sobre a questão de limites entre Sergipe e a Bahia. Também se destacaram trabalhos de monografias municipais, ensaios de geografia histórica, a mudança da capital, os estudos bibliográficos.
Esse surto de produção começa a declinar a partir de 1930, onde a Revista deixa de circular. No entanto, entre os anos 50-60 ocorre a retomada dessa produção, onde o IHGSE passou a atrair outros valores sergipanos e vivenciou uma nova fase de franca expansão.

- Autores: 1o momento: Carvalho Lima Júnior, Armindo Guaraná, Elias Montalvão, Costa Filho, João de Mattos, Manuel dos Passos, Prado Sampaio, Nobre de Lacerda, Clodomir Silva, Enock Santiago;

2o momento: João Dantas Martins dos Reis, Felte Bezerra, José Calasans, Sebrão Sobrinho, José Amado do Nascimento, José Augusto da Rocha Lima.

3o momento: Fernando Porto, Orlando Dantas, Zózimo Lima, Pires Whyne, Freire Ribeiro, Maria Thétis Nunes, Bonifácio Fortes, Manuel Cabral Machado, Aurélio Vasconcelos e Almeida, Carvalho Deda, Arivaldo Fontes, Garcia Moreno, Luiz Carlos Rolemberg Dantas, Juliano Simões, Severino Uchôa, Joaquim José de Montalvão.







4a  Fase: UFS- Universidade Federal de Sergipe (1968)

- Fase cuja preocupação era a profissionalização da história. A História defendida na UFS enxerga o passado sergipano como ciência social e esses historiadores enveredaram por uma História nas trilhas da ciência, buscando estudar temas mais ligados à História social, à História política e à História econômica. Paulatinamente passaram a ocupar os jornais sergipanos e a promover eventos científicos alicerçados, cada vez mais, nessa ideia de História como ciência e de que a pesquisa histórica é fundamental para o historiador.

- Autores: José Silvério Leite Fontes, Maria Thétis Nunes, Maria da Glória Santana de Almeida, Beatriz Góes Dantas, Diana do Faro Diniz, Terezinha Oliva.


Considerações Finais
         Percebemos assim que os anos de 1970 foram importantes, pois marcam o início da produção dos primeiros textos de Historiografia Sergipana e que José Calazans Brandão da Silva foi um pesquisador que ocupou um espaço especial no que diz respeito ao tema, estabelecendo quatro fases da historiografia sergipana: a primeira relacionada aos livros de memória, a segunda ligada diretamente a Felisbelo Freire e aos bacharéis de Direito da Escola do Recife, a terceira ligada ao IHGSE e a última ligada a UFS.

Referências

SOUSA. Antônio Lindvaldo. História e Historiografia Sergipana: notas para reflexão. São Cristóvão: CESAD, 2013.

BARRETO, Luíz Antônio. JOSÉ CALASANS, UM MESTRE DA HISTÓRIA, disponível em http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=27405&titulo=Luis_Antonio_Barreto, acesso 28/08/14.