terça-feira, 2 de setembro de 2014

Conhecendo Glória um pouco mais: entre textos e imagens - Símbolos Municipais

  Por Aírles Almeida dos Santos
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Abaixo, as bandeiras do município (antiga e atual), brasão e o Hino da cidade.
    


Ao analisar o processo de ocupação de Nossa Senhora da Glória, aparecem várias contestações, principalmente no que se refere ao período. A maior dificuldade para o estudo do tema é a falta de documentação ou pesquisas relacionadas ao assunto. Acreditou-se que a povoação que possibilitou a criação da atual cidade de Nossa Senhora da Glória teria surgido por volta de 1600 a 1625, século XVII, como afirma o historiador sergipano Carvalho de Lima Júnior em História dos Limites entre Sergipe e Bahia. Esse autor defende a tese de que as terras pertencentes ao referido município pertencia a Tomé da Rocha Malheiros, que obtivera uma sesmaria de 10 léguas da Serra da Tabanga, estendendo-se para o sertão. Essa tese passou a ser contestada. Segundo o professor José Carlos de Souza, em tal afirmação ocorreu um equívoco e ao analisarmos a história de Gararu (Curral de Pedras), a qual Boca da Mata pertencia, percebemos alguns problemas ao afirmarmos que a região foi ocupada no século XVII. O povoamento de Curral de Pedras teria sido resultado da fuga de colonos portugueses que se refugiaram na Serra da Tabanga, apavorados pela ação dos holandeses em território sergipano a partir de 1637. Portanto, por ser uma região de difícil acesso, a Boca da Mata dificilmente seria colonizada no século XVII antes de Curral de Pedras, como não foi, uma vez que estava localizada nas margens do rio São Francisco e isso é um fator que facilitou a ação de colonos. O sertão sergipano foi ocupado basicamente pelo elemento europeu, havendo pouca presença de indígenas, mas sim de alguns caboclos, fruto da miscigenação. Estes caboclos se tornaram vaqueiros, sendo os primeiros a provocarem o processo de expansão das terras para o sertão, compondo figuras principais das fazendas de criar.

Foto: Antiga bandeira do município, criada em 1978.
 
REFERÊNCIAS 
 
SANTOS, Airles Almeida dos. Querelas sobre o processo de ocupação de Nossa Senhora da Glória/Sergipe. Disponível em: http://histse.blogspot.com/2014/04/. Acesso em: 27 de novembro de 2020.

SANTOS, Airles Almeida dos. “Do gibão à Batina”: a ocupação de Nossa Senhora da Glória e o papel da Igreja para o desenvolvimento de “Boca da Mata” (fins do século XVIII ao início do século XX) – versão completa. Disponível em: http://histse.blogspot.com/2013/.
Acesso em: 27 de novembro de 2020.
 
 
Brasão do Município


Elemento            -------}           Simbolismo
Cruzeiro                                                               Fé Cristã
1928                                                                    Ano da Emancipação Política
Elipse verde                                                         Esperança
Cabeça de bovino                                               Produção de leite
Espigas de milho                                                 Produção desse cereal

Mandacaru                                                        Resistência à seca 





  
 
Hino de N. Sra da Glória/SE

Letra e Música: José Pereira Sobrinho


Salve Glória, ó cidade bonita!
O progresso em ti sempre está.
O Brasil, que é terra sagrada,
Consentiu este nome lhe dar.


Glorienses, marchemos unidos,
Pelo progresso do nosso lugar.
Nossa Glória é grande e infinita,
Força humana não pode acabar.


Salve! Salve! Salve ó nossa Glória!
Com seu povo de grande valor.
Com o nome belo que lhe deram
Vosso povo se entusiasmou.


Glorienses, lutemos contentes.
Por Glória queremos lutar.
Sou feliz quando vou à Igreja,
Vejo Glória lá no seu altar.


Nossas festas têm mais alegria,
Nosso povo é forte e varonil.
Glorienses, lutemos contentes
Por Glória e por nosso Brasil.
 
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domingo, 24 de agosto de 2014

Conhecendo Glória um pouco mais: entre textos e imagens - Templos Religiosos e Praças



                                                               Por Aírles Almeida dos Santos
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   Nessa série, compartilho com as pessoas aquilo que julgo realmente importante e necessário: nossa história. Quando alguém comenta uma foto dessas está produzindo, mesmo  que inconscientemente, história a partir de sua memória. É com o intuito de fazer perpetuar na memória a história de Nossa Senhora da Senhora da Glória-SE, que vos disponibilizo essas informações textuais e iconográficas, pois acredito que a compreensão do nosso passado é importante pra compreendermos nosso presente e projetarmos o futuro.

---} TEMPLOS RELIGIOSOS 

 
A Igreja Católica foi uma instituição responsável pelo processo de colonização de Sergipe e a chegada dela a algum povoado possibilitaria a elevação futura daquela localidade a condição de freguesia. O lugar onde fosse construída uma igreja, ao mesmo tempo em que causaria um aumento demográfico, aumentaria seu status, passando a ser mais valorizado em relação aos vizinhos. Foi dessa maneira que muitas das povoações da capitania surgiram e passaram de freguesia à vila, e desta a cidade. Porém, no que se refere aos primórdios da ocupação do que veio a se tornar Nossa Senhora da Glória, esse processo ocorreu de modo peculiar. Diferentemente das povoações que surgiram a partir de uma capela, “Boca da Mata” teve a sua construída apenas em 1904 (apesar da primeira missa ter sido celebrada por volta da última década do século XIX), enquanto o início da povoação se deu provavelmente em 1879.

Foto: prédio da Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória
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Altar da Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória. Foto: década de 1990.
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O primeiro nome do povoado “Boca da Mata” foi modificado pelo primeiro capelão Francisco Gonçalves de Lima, quando fez campanha junto à comunidade para comprar a imagem de Nossa Senhora da Glória, a partir de então, consagrada padroeira, e o sino para a primeira capela. Foi apenas em 1959 que a Igreja Matriz passou a ser paróquia e teve como primeiro pároco José Amaral de Oliveira.

A chegada da Igreja a "Boca da Mata" possibilitou a criação e enraizamento de costumes, baseados na ética e na moral religiosa. Por isso, a maioria das festas do povoado passou a estar intimamente ligada à religiosidade desse povo sertanejo. O próprio nome dado ao município reflete essa mentalidade característica das regiões onde a Igreja Católica se fez presente.

Foto: Praça com sua Igreja Matriz ao fundo. Na imagem, já percebemos as primeiras mudanças da estrutura da citada praça, mantendo-se intacta a matriz.

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A tese que melhor explica o processo de povoamento de "Boca da Mata" (antigo nome de Nossa Senhora da Glória) é a que afirma ter ocorrido nos fins do século XVIII e início do XIX, pois aquele povoado jamais poderia ter sido colonizado antes de Curral de Pedras (atual Gararu). Notamos a importância da pecuária e dos criadores de gado para a penetração das terras do sertão sergipano, sem falar do papel da Igreja Católica para o seu desenvolvimento, introduzindo novos costumes e modos de relação entre o homem e seu meio. Muito provavelmente essa foto é uma das mais antigas da Praça da Matriz, atual Praça da Bandeira. O cruzeiro corresponde simbolicamente à importância da Igreja Católica na região. 

Praça da Igreja Matriz. Foto retirada da parte superior Igreja. Percebe-se claramente a presença do cruzeiro, presente ainda atualmente.

 

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Praça da Igreja Matriz (Praça da Bandeira) durante reforma que alterou totalmente sua estrutura.
Foto: Anos 2000. 
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Interior da Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória. Foto: 2010.
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Foto aérea da Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória, Praça da Bandeira, 2015. 
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Templo Batista, construído pelo Pastorado de Nelson Bonaparte, em 1957.
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---} PRAÇAS 
A beleza da Praça da Prefeitura (atual Praça Filemón Bezerra Lemos), ao que tudo indica, no início dos anos 1960 em Nossa Senhora da Glória. Desde o princípio, o coreto se fazia presente. Em nosso país, os coretos tinham dupla funcionalidade: de descanso ou encontro entre pessoas. Sabe-se que as primeiras construções desse tipo eram de funcionalidade pública, ou seja, quase sempre eram instaladas em praças ou locais de grande circulação de gente.

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Praça da Igreja Matriz (Praça da Bandeira), antes da reforma que pôs fim a "lagoa dos patinhos" e aos belíssimos "pés de amêndoas". Entre a Igreja Matriz e a praça, existia um trecho de rua, que foi fechado com a reforma dos anos 2000, tornando a citada praça uma extensão da Igreja.

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Foto da Praça da Bandeira (Praça da Igreja Matriz), provavelmente da segunda metade da década de 1990 quando ainda possuía a "lagoa dos patinhos" e as famosas amendoeiras. Hoje a Praça possui outra configuração, depois da reforma do início dos anos 2000.

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Praça da antiga Telergipe, também conhecida como Praça dos 3 quiosques (Praça Antônio Alves Oliveira). A árvore da foto, em particular, ficou muito famosa até ser cortada para reforma do lugar. Tratava-se de um local de encontro nos dias de feira, esta realizada aos sábados. 

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Durante muito tempo, o famoso Calçadão - travessa que liga a Praça da Igreja Matriz a Praça da Prefeitura - em Nossa Senhora da Glória foi o o maior point da cidade com seus bares e lojinhas. Aos fins de semana, as pessoas aproveitavam para colocar suas melhores roupas e curtir com os amigos. Em dias de feira, ficava lotado. 

Foto cedida por Adilson (Maguila Flamenguista), que retrata muito bem aquele que foi, por muitos anos, um local de diversão.

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Toda cidade possui um local para encontros, paqueras, divertimento e socialização. Durante muito tempo, esse local em Nossa Senhora da Glória foi o Calçadão, com seus bares e lojinhas. Verdadeiro point onde as pessoas colocavam suas melhores roupas para curtir o fim de semana.

Foto: Travessa Aluísio Vilas Boas (Calçadão).
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Referências 

SANTOS, Airles Almeida dos. De "Boca da Mata" à Nossa Senhora da Glória: aspectos históricos e geográficos. Disponível em: http:http://histse.blogspot.com/2021/02/de-boca-da-mata-nossa-senhora-da-gloria.html. Acesso em: 27 de novembro de 2021.

SANTOS, Airles Almeida dos. Um pouco mais do histórico de Nossa Senhora da Glória-SE. Disponível em: http://histse.blogspot.com/search?updated-max=2020-11-27T10:19:00-08:00&max-results=7. Acesso em: 27 de novembro de 2020.


SANTOS, Airles Almeida dos. Querelas sobre o processo de ocupação de Nossa Senhora da Glória/Sergipe. Disponível em: http://histse.blogspot.com/2014/04/. Acesso em: 27 de novembro de 2020.

SANTOS, Airles Almeida dos. “Do gibão à Batina”: a ocupação de Nossa Senhora da Glória e o papel da Igreja para o desenvolvimento de “Boca da Mata” (fins do século XVIII ao início do século XX) – versão completa. Disponível em: http://histse.blogspot.com/2013/.
Acesso em: 27 de novembro de 2020.
 
Imagens

Acervo de Airles Almeida dos Santos.